Depois
do artigo publicado a 30 de Outubro dedicado à Poupança (Poupanças vs Inflação), neste artigo a Poupança
também será o alvo, contudo, desta vez damos destaque ao ciclo da
poupança e quais as ferramentas que auxiliam a poupança.
Só é possível poupar se
existir rendimento disponível que o permita, como tal é o rendimento obtido depois
de descontado dos impostos obrigatórios, que potencia a poupança, mas também o
consumo. Quanto maior o consumo menor o rendimento remanescente destinado para
poupança. Consequentemente poupar pouco pode, por vezes, significar mais
endividamento, por outro lado, poupar em excesso pode ter um impacto negativo
na economia.
O dinheiro direcionado para
a poupança pode assumir várias formas, entre elas:
- Financiar as empresas, através dos mercados de capitais;
- Financiar o Estado, através de instrumentos de dívida pública;
- Depósito em Bancos.
Esta última forma de
poupança é sem dúvida a mais comum em Portugal, como destacado no artigo Poupanças vs Inflação.
A poupança sob a forma de
depósitos possibilita que os bancos cedam mais crédito à economia, contudo esta
relação, entre depósito e crédito à economia, nem sempre se verifica
principalmente em períodos de crise financeira.
Se a relação entre depósitos
e crédito funcionar como esperado as empresas terão mais acesso ao crédito a
preços (juros) mais baixos, e como tal poderão expandir o negócio, crescer ou
simplesmente assegurarem o seu funcionamento, propiciando, simultaneamente, a
criação de emprego e de rendimento que permitirá às famílias poupar.
Claro que aumentando o
rendimento das famílias será provável o aumento da poupança, mas também do
consumo, logo se a procura de bens e serviços aumentar também os preços irão
aumentar, e deste aumento surgirá a Inflação (tema de destaque nos artigos Poupanças vs Inflação e Criar dinheiro do nada).
Este cenário é o mais desejado pelo BCE, contudo não existem medidas com
impacto imediato na sua obtenção.
Independentemente do impacto
para a economia, a poupança deve estar presente em todas as famílias, e
portanto cada uma deve definir um objetivo de poupança, que pode passar pela
compra de qualquer bem ou serviço ou simplesmente um fundo de emergência para
fazer face a uma situação de desemprego, doença, etc.
"A poupança não deve ser apenas aquilo que sobra
ao fim do mês. Se assim for nunca conseguiremos poupar. Poupar tem de ser verdadeiramente
um objetivo e entrar em pé de igualdade com as despesas mensais da água, luz e
gás", defende
Natália Nunes, responsável do Gabinete de Apoio ao Sobre-endividado.
Depois do objetivo definido
deverá escolher como aplicar a poupança, uma vez que existem várias
possibilidades, desde depósitos, produtos financeiros, instrumentos de divida
pública ou privada ou até mesmo o investimento em bens móveis ou imóveis.
Para ajudar a perceber
quanto precisa de poupar para chegar ao seu objetivo e o tempo necessário para
o atingir o Portal Todos Contam
disponibiliza um simulador de poupança, que consiste numa ferramenta que
permite simular diferentes cenários e verificar a respetiva evolução da
poupança.
Contudo, conseguir poupar nem sempre é uma realidade
ao alcance de todas as famílias, principalmente quando o rendimento nem sempre é
suficiente para suportar as despesas básicas. Por outro lado, muitas famílias
não o conseguem porque não fazem uma gestão racional dos seus rendimentos,
gastando mais em telecomunicações do que em alimentação, o que desde logo
indicia uma distorção na hierarquia de valores.
Um estudo levado a cabo pela DECO demonstrou que os
gastos com alimentação surgem em quinto lugar, no top das despesas consideradas
essenciais.
Adicionalmente, os níveis de
poupança das famílias têm vindo a diminuir. Se há 20 anos, por cada 100 euros,
os portugueses guardavam 12,5 euros, agora guardam apenas 5 euros segundo dados
divulgados pelo INE para o segundo trimestre deste ano, valor bastante distante
da média da zona euro que ronda os 12,8 euros.
Não existem receitas mágicas
para poupar, mas existem hábitos de poupança e alguns até muito simples que
ajudam a fomentar o crescimento de qualquer Poupança. Começando pelos pequenos
hábitos que levam a pequenas poupanças diárias, mas que ao fim de um ano podem-se
transformar em poupanças nada pequenas!
Alguns exemplos de poupança,
que começam em casa, são:
·
Não deixar equipamento ligados à corrente quando não são necessários;
·
Não deixar equipamentos em stand by ou em modo de espera;
·
Optar pela tarifa bi-horária pode mostrar-se mais vantajoso, em alguns
casos;
·
Utilizar lâmpadas economizadoras;
·
Optar por equipamentos com melhor classificação de eficiência energética;
·
Comprar produtos em 2ª mão;
·
Renegociar pacotes de telecomunicações e dívidas com os credores;
·
Utilizar a máquina de lavar só quando estiver cheia;
·
Colocar uma garrafa de 1,5 litros dentro do autoclismo;
·
Utilizar redutores nas torneiras (permite diminuir em 50% o consumo de
água).
Mas a poupança não deve ficar só em casa, também
quando saímos de casa conseguimos poupar, em situações como por exemplo:
·
Conduzir de forma mais suave e evitar o uso de ar condicionado (poupará
litros de gasolina);
·
Utilizar os transportes públicos é (quase) sempre mais económico;
·
Dividir as despesas do automóvel com colegas do trabalho, é mais
ecológico, mais barato e promove o convívio;
·
Procurar espaços de entretenimento gratuitos;
·
Levar refeições para o trabalho;
·
Ir às compras com uma lista e sem estar com fome;
·
Pedir sempre fatura com número de contribuinte propicia benefícios em
IRS;
·
Fazer transferência via ATM evita custos cobrados se o fizer via balcão;
·
Planear as férias atempadamente permitirá usufruir de preços mais
vantajosos;
·
Optar por medicamentos genéricos;
·
Aproveitar os descontos e ofertas que muitos sites oferecem ou divulgam (Forretas.com, Odisseias, Descontos e Amostras Grátis, SoBorlas.pt, entre outros).
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