sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Poupanças vs Inflação



Um dos principais inimigos da poupança das famílias é sem dúvida a inflação, uma vez que 5.000 euros hoje não valem o mesmo que 5.000 euros daqui de um ano.
Mas em que consiste este inimigo denominado inflação? A Inflação nada mais é do que uma taxa que reflete o aumento do nível dos preços. Ou seja, é a média do crescimento dos preços de um conjunto de bens e serviços num determinado período.
Para explorar o conceito de inflação, o Banco Central Europeu (BCE), criou um jogo (clique aqui) que explora como as pessoas reagem à inflação e à deflação, onde podem se pode testar conhecimentos e tentar identificar os vários cenários de inflação.

https://www.ecb.europa.eu/ecb/educational/inflationisland/html/inflation_island.swf?width=1000&height=750&lang=PT


Dados avançados pelo INE (Instituto Nacional de Estatística) demonstram que, no passado mês de setembro, a inflação atingiu 0,9% em termos homólogos, o que se justifica, principalmente, pelo aumento do preço do vestuário e calçado. Por outro lado os transportes, o lazer, a recreação e a cultura têm visto os seus preços diminuírem. A nível europeu o cenário é diferente, tendo o EuroStat confirmado uma taxa de inflação para setembro negativa, de - 0,1%, estando portanto a Zona Euro perante uma deflação. A deflação ocorre quando a referida taxa reflete uma descida do nível de preços.
Em Portugal, como demonstra o gráfico infra, 2008 e 2014 foram anos marcados por deflação com -0,8% e -0,3%, respetivamente. Para 2015 espera-se que a taxa que reflete o nível de preços volte para terreno positivo com a previsão de inflação a situar-se entre os 0.5% e 2% no próximo ano e 1,3% em 2017, segundo previsões do Banco de Portugal (BdP).

Fonte: INE

Posto isto, caso exista inflação os 5.000 euros permitirão comprar menos bens e/ou serviços daqui a um ano, o que vem dar sentido à célebre expressão "o dinheiro vale cada vez menos".
É esta perda de valor do dinheiro que afeta as poupanças. Para contornar este efeito é importante a correta escolha de aplicações que permitam absorver este efeito e gerarem mais valor.
Neste artigo daremos destaque aos Depósitos a Prazo (DP), embora existam muitas outras tipologias de aplicações onde pode aplicar as suas poupanças.
Conforme se pode observar no gráfico infra, as poupanças dos portugueses, pelo menos as que se refletem através de depósitos a prazo, tendem a estabilizar ou até mesmo a reduzir a sua expressão, o que não surpreende, já que a motivação para o recurso a depósitos a prazo tem vindo a diminuir. Deixar dinheiro à ordem não é porém a melhor solução para gerir a poupança, por várias razões: primeiro porque mais facilmente se incorrerá na tentação de o gastar, segundo porque a inflação fará com que perca valor.
Contudo, como também se observa no gráfico abaixo, os anos de 2008 e 2011 foram anos de claro crescimento do montante aplicado em DP por particulares e com um ligeiro decréscimo do montante em depósitos à ordem.
Simultaneamente assiste-se a um aumento das taxas de juros médias remuneratórias dos DP nos anos de 2008 e 2011, o que pode, complementarmente, justificar o aumento do montante de depósitos impulsionados pela crise e pela retração do consumo.
Após 2011, ano em que se atingiu um crescimento de cerca de 90% face a 2010, tem-se vindo a assistir a uma queda das taxas de juros e, mesmo sem dados finais para 2015, é fácil antever que esta tendência se irá manter.

Fonte: BdP

Mas o que é um depósito a prazo?
Depósito a prazo é um contrato de divida, entre o banco (devedor) e o seu cliente (credor). Na prática quando constitui um depósito a prazo está a emprestar o seu dinheiro ao banco.
Diariamente são vários os DP que os bancos disponibilizam quer através dos balcões, quer através da Internet. Dada a vasta oferta deste tipo de aplicações, como deve escolher o DP mais adequado para si e em que banco realizar o depósito constituem as primeiras questões com que se depara. Pois bem, esta escolha está intimamente relacionada com o risco de subscrever determinado depósito, como tal, quanto maior a probabilidade de um banco ir à falência, maior é o risco. Adicionalmente, deve ter em conta que para atenuar este risco surgiu o Fundo de Garantia de Depósitos (FGD), que consiste num organismo público, que assegura o reembolso de depósitos, até ao limite máximo de 100 mil euros por depositante, caso a instituição financeira entre em dificuldade.
Depois da análise à saúde financeira das instituições financeiras, deve compreender que os depósitos a prazo não são todos iguais, residindo as diferenças no:
1     Montante – O montante a investir é definido pelo cliente, deve ter em conta que conforme o depósito este pode ter limite mínimo e máximo que varia de banco para banco e de depósito para depósito;
2    Prazo – Deve decidir por quanto tempo irá manter o dinheiro investido, quanto maior o prazo maior será (ou é expectável que seja) a taxa de juro associada. Cabe ressalvar que poderão existir penalizações caso esse prazo não seja cumprido;
3      Forma de pagamento de juros – Por norma os juros são pagos no final do contrato, contudo existem depósitos que efetuam o pagamento dos juros com outras periodicidades, desde mensal, trimestral, semestral ou anual;
4     Taxa de Juro ou TANB (Taxa Anual Nominal Bruta) – Consiste na remuneração efetiva de um depósito antes de impostos. A esta taxa serão deduzidos atualmente 28% de imposto para Portugal Continental e Madeira e 22,4% nos Açores. A remuneração líquida de imposto designa-se de TANL (Taxa Anual Nominal Líquida);
5     DP online vs DP Balcão - Apesar de ser ligeira a diferença, a verdade é que os depósitos online oferecem remunerações (TANB) ligeiramente superiores, principalmente em bancos de menor dimensão.
Deve ainda ter em conta que para puder subscrever um depósito a prazo junto de qualquer instituição financeira é necessário ter uma conta (Depósito à ordem) aberta, o que pode implicar custos associados. Uma Conta de Serviços Mínimos Bancários como vimos num artigo anterior, também permite a subscrição de DP.
Depois de analisadas as caraterísticas do DP é necessário compreender que se a TANL for inferior à taxa de inflação, significa que no final do prazo do DP terá um menor poder de compra do que aquele que tinha no momento da subscrição do DP.

É este o grande desafio que se coloca na escolha de qualquer que seja a aplicação que escolha para as suas poupanças. Acima de tudo, o que é fulcral é que esteja corretamente informado e que tenha poder de negociação que lhe permita obter as melhores remunerações.

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