sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Votar online porque não?

Em tempo de eleições este artigo pretende dar a conhecer as potencialidades do voto eletrónico.

O Voto foi a forma que os regimes democráticos encontraram para que os cidadãos pudessem exprimir as suas posições políticas, sociais ou morais. Mas não se pense que o voto é exclusivo dos regimes democráticos, também foi usado por ditaduras, como exemplo a aprovação da Constituição em 1933 levada a cabo por Salazar.

Em Portugal podem votar todos os portugueses maiores de 18 anos, ou, nas eleições para o Parlamento Europeu, todos os cidadãos da União Europeia residentes em Portugal. O recenseamento é obrigatório aos 17 anos, e automático desde 2008. Em Portugal o voto não tem caracter obrigatório, mas tal não é comum em muitos países, como ilustra a figura abaixo.


O voto obrigatório ou voto compulsório consiste na prática de requerer que as pessoas votem em eleições ou se apresentem em seções eleitorais para justificar a ausência no processo eleitoral. Como ilustra a figura supra o voto compulsório está implementado maioritariamente em países da América latina. Por outro lado, na União Europeia (UE) o voto tem caracter obrigatório está presente apenas em 4 países: Bélgica, Chipre, Grécia e Luxemburgo.

O principal motivo apontado para esta obrigatoriedade prende-se com a redução da abstenção nas votações. Claro está, que é questionável se esta será a via mais correta de conseguir a verdadeira e consciente participação da população num ato eleitoral, pelo que talvez seja essa a razão inerente à não adoção desta prática pela maioria dos países da UE.

Posto isto, a questão que emerge é: mas afinal como se poderia diminuir a abstenção?

Talvez a resposta possa estar nas novas tecnologias, mais concretamente na Internet. Como seria se pudéssemos votar em qualquer parte do país, da Europa ou até mesmo do Mundo. Pois bem, hoje dissertamos muito sucintamente sobre o “voto online” ou “voto eletrónico”.

São mais os prós que os contras da votação online mesmo mantendo a tradicional votação em papel. A figura infra sintetiza as vantagens e desvantagens desta forma de votação.

Em Portugal não é possível votar eletronicamente, apesar de já se terem realizado alguns testes de votação eletrónica em assembleias de voto sem que os resultados fossem considerados oficiais.

A primeira experiência foi realizada nas eleições autárquicas de 1997, em várias assembleias de voto de uma freguesia (São Sebastião da Pedreira) de Lisboa. O sistema consistia numa máquina de voto onde aparecia o boletim de voto e o voto efetuado era registado num cartão eletrónico, posteriormente introduzido numa urna eletrónica. Depois de lido e registado, era apagada a informação do voto permitindo que o cartão pudesse ser utilizado pelo eleitor seguinte. Portugal foi assim o 5º país europeu a fazer experiências de votação eletrónica, depois da Holanda, Bélgica, França e Espanha, e o 8º do mundo depois dos Estados Unidos da América, do Brasil e das Filipinas.
Nas eleições autárquicas de 2001, foram acrescentadas algumas melhorias ao sistema e efetuadas experiências-piloto para assembleias de voto de uma freguesia do distrito de Lisboa e outra do distrito do Porto (Sobral de Monte Agraço e Campelo, respetivamente).
Nas eleições europeias de 2004 foram testados três sistemas diferentes de votação eletrónica em assembleias de voto de 9 freguesias de diferentes concelhos de várias regiões.
Nas eleições legislativas de 2005, foram utilizadas tecnologias de suporte à votação dos cidadãos com necessidades especiais com as quais se realizaram experiências-piloto. Realizou-se também uma experiência de votação pela Internet para eleitores recenseados no estrangeiro.

Apesar da utilização de votação eletrónica em eleições políticas ter sido iniciada há mais de 30 anos – na Holanda – e cerca de 25 países terem realizado experiências de vários tipos, a sua utilização regular acontece apenas em 4 países: Brasil, Índia, Estónia, Venezuela. Destes países, só na Estónia a votação pode ser feita pela Internet, nos restantes países a votação contínua sendo realizada em locais de voto onde não se vota em papel, mas eletronicamente. Também a Suíça tem vindo a alargar a possibilidade de votação pela Internet desde 2003 em 3 dos 26 cantões. Em Junho de 2007 chegou a 17% a percentagem de eleitoras que utilizaram a Internet num referendo federal, decidindo-se então prosseguir com a generalização gradual da votação online a todo o país.

Enquanto o voto eletrónico em Portugal não é uma realidade, resta aos portugueses rumarem no próximo domingo às urnas, já que “o maior castigo para aqueles que não se interessam por política, é que serão governados pelos que se interessam.” (Arnold Toynbee).

Para confirmar o seu local e o seu número de eleitor deve votar deve consultar: https://www.recenseamento.mai.gov.pt/

Para acompanhar a afluência da votação de domingo ou conhecer os candidatos pode consulte: http://www.legislativas2015.mai.gov.pt/


Pode aprofundar este tema em:

Estudo encomendado pelo Ministério da Educação e Ciência à Delloite “Relatório Final – Análise de Impacto Financeiro do Voto Eletrónico em Portugal”.

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