Um dos principais inimigos da poupança das famílias é sem dúvida a inflação,
uma vez que 5.000 euros hoje não valem o mesmo que 5.000 euros daqui de um ano.
Mas em que
consiste este inimigo denominado inflação? A Inflação nada mais é do que uma taxa que reflete o aumento do nível dos preços.
Ou seja, é a média do crescimento dos preços de um conjunto de bens e serviços num
determinado período.
Para explorar o conceito de inflação, o
Banco Central Europeu (BCE), criou um jogo (clique aqui) que
explora como as pessoas reagem à inflação e à deflação, onde podem se pode
testar conhecimentos e tentar identificar os vários cenários de inflação.
Dados avançados
pelo INE (Instituto Nacional de Estatística) demonstram que, no passado mês de
setembro, a inflação atingiu 0,9% em termos homólogos, o que se justifica,
principalmente, pelo aumento do preço do vestuário e calçado. Por outro lado os
transportes, o lazer, a recreação e a cultura têm visto os seus preços
diminuírem. A nível europeu o cenário é diferente, tendo o EuroStat confirmado
uma taxa de inflação para setembro negativa, de - 0,1%, estando portanto a Zona
Euro perante uma deflação. A deflação ocorre quando a referida taxa reflete uma
descida do nível de preços.
Em Portugal,
como demonstra o gráfico infra, 2008 e 2014 foram anos marcados por deflação
com -0,8% e -0,3%, respetivamente. Para 2015 espera-se que a taxa que reflete o
nível de preços volte para terreno positivo com a previsão de inflação a
situar-se entre os 0.5% e 2% no próximo ano e 1,3% em 2017, segundo previsões
do Banco de Portugal (BdP).
Fonte: INE
Posto isto, caso exista inflação os 5.000 euros permitirão
comprar menos bens e/ou serviços daqui a um ano, o que vem dar sentido à célebre
expressão "o dinheiro vale cada vez
menos".
É esta perda de valor do dinheiro que afeta as
poupanças. Para contornar este efeito é importante a correta escolha de
aplicações que permitam absorver este efeito e gerarem mais valor.
Neste artigo daremos destaque aos Depósitos a Prazo
(DP), embora existam muitas outras tipologias de aplicações onde pode aplicar
as suas poupanças.
Conforme se pode observar no gráfico infra, as poupanças
dos portugueses, pelo menos as que se refletem através de depósitos a prazo, tendem a
estabilizar ou até mesmo a reduzir a sua expressão, o que não surpreende, já
que a motivação para o recurso a depósitos a prazo tem vindo a diminuir. Deixar
dinheiro à ordem não é porém a melhor solução para gerir a poupança, por várias
razões: primeiro porque mais facilmente se incorrerá na tentação de o gastar, segundo
porque a inflação fará com que perca valor.
Contudo, como também se observa no gráfico abaixo, os
anos de 2008 e 2011 foram anos de claro crescimento do montante aplicado em DP
por particulares e com um ligeiro decréscimo do montante em depósitos à ordem.
Simultaneamente assiste-se a um aumento das taxas de
juros médias remuneratórias dos DP nos anos de 2008 e 2011, o que pode, complementarmente,
justificar o aumento do montante de depósitos impulsionados pela crise e pela
retração do consumo.
Após 2011, ano em que se atingiu um crescimento de
cerca de 90% face a 2010, tem-se vindo a assistir a uma queda das taxas de
juros e, mesmo sem dados finais para 2015, é fácil antever que esta tendência
se irá manter.
Fonte: BdP
Mas o que é um
depósito a prazo?
Depósito a prazo é um contrato de divida, entre o
banco (devedor) e o seu cliente (credor). Na prática quando constitui um depósito
a prazo está a emprestar o seu dinheiro ao banco.
Diariamente são vários os DP
que os bancos disponibilizam quer através dos balcões, quer através da
Internet. Dada a vasta oferta deste tipo de aplicações, como deve escolher o DP
mais adequado para si e em que banco realizar o depósito constituem as
primeiras questões com que se depara. Pois bem, esta escolha está intimamente
relacionada com o risco de subscrever determinado depósito, como tal, quanto
maior a probabilidade de um banco ir à falência, maior é o risco. Adicionalmente,
deve ter em conta que para atenuar este risco surgiu o Fundo de Garantia de
Depósitos (FGD), que consiste num organismo público, que assegura o reembolso
de depósitos, até ao limite máximo de 100 mil euros por depositante, caso a
instituição financeira entre em dificuldade.
Depois da análise à saúde financeira das instituições
financeiras, deve compreender que os depósitos a prazo não são todos iguais,
residindo as diferenças no:
1 Montante – O montante a investir é definido pelo cliente, deve
ter em conta que conforme o depósito este pode ter limite mínimo e máximo que
varia de banco para banco e de depósito para depósito;
2 Prazo – Deve decidir por quanto tempo irá manter o dinheiro
investido, quanto maior o prazo maior será (ou é expectável que seja) a taxa de
juro associada. Cabe ressalvar que poderão existir penalizações caso esse prazo
não seja cumprido;
3 Forma de pagamento de juros – Por norma os
juros são pagos no final do contrato, contudo existem depósitos que efetuam o
pagamento dos juros com outras periodicidades, desde mensal, trimestral,
semestral ou anual;
4 Taxa de Juro ou TANB (Taxa Anual Nominal Bruta) –
Consiste na remuneração efetiva de um depósito antes de impostos. A esta taxa serão
deduzidos atualmente 28% de imposto para Portugal Continental e Madeira e 22,4%
nos Açores. A remuneração líquida de imposto designa-se de TANL (Taxa Anual
Nominal Líquida);
5 DP online vs DP Balcão - Apesar de
ser ligeira a diferença, a verdade é que os depósitos online oferecem
remunerações (TANB) ligeiramente superiores, principalmente em bancos de menor
dimensão.
Deve ainda ter em conta que para puder subscrever um
depósito a prazo junto de qualquer instituição financeira é necessário ter uma
conta (Depósito à ordem) aberta, o que pode implicar custos associados. Uma
Conta de Serviços Mínimos Bancários como vimos num artigo anterior, também
permite a subscrição de DP.
Depois de analisadas as caraterísticas do DP é
necessário compreender que se a TANL for inferior à taxa de inflação, significa
que no final do prazo do DP terá um menor poder de compra do que aquele que
tinha no momento da subscrição do DP.
É este o grande desafio que se coloca na escolha de
qualquer que seja a aplicação que escolha para as suas poupanças. Acima de tudo,
o que é fulcral é que esteja corretamente informado e que tenha poder de
negociação que lhe permita obter as melhores remunerações.