sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

A importância da localização para a internacionalização das empresas


É recorrente ouvir-se notícias sobre a importância das exportações para a economia nacional. De facto as exportações constituem uma alternativa complementar ao já saturado mercado doméstico, além de que são essenciais ao equilíbrio da balança de pagamentos nacional que ano após anos se apresenta deficitária.

Os fatores que influenciam a propensão para as exportações das empresas têm sido amplamente debatidos, estando atualmente intrinsecamente relacionados com as características da empresa, nomeadamente a dimensão, a experiência, os recursos disponíveis ou a estratégia adotada.

Verifica-se que a dimensão da empresa influencia positivamente a propensão à exportação, contudo é o investimento em investigação e desenvolvimento e tecnologias de ponta que potência largamente o efeito positivo nas exportações.

Relativamente à estratégia a adotar, é importante realçar que, nem sempre exportar para muitos mercados significa um aumento das exportações, podendo mesmo obter-se efeitos inversos nos lucros como consequência de dificuldades organizacionais ou mesmo da distância, por exemplo. Note-se que a opção pela entrada em vários mercados com o objetivo de aumentar as exportações é uma estratégia meramente ao nível da empresa, não se verificando ao nível regional.

De facto outros fatores têm sido, mais recentemente, alvo de análise, nomeadamente a localização das empresas. Repare-se que a empresa ao estar inserida numa região com forte internacionalização potenciará as suas exportações individuais, independentemente da dimensão uma vez que beneficiará de um aumento da competitividade, proveniente da presença de uma rede de networking entre as empresas pertencentes ao mesmo setor na mesma região.

Note-se que este benefício é particularmente importante no caso das PME, já que as grandes empresas têm capacidade suficiente de desenvolver Know-how sem recorrer a este tipo de networking. Os fatores que mais potenciam as exportações das grandes empresas são o investimento em investigação e desenvolvimento e em tecnologias de ponta, ou seja, no caso das grandes empresas prevalecem as características individuais, podendo estas empresas ser bem-sucedidas mesmo que o contexto socioeconómico da região onde estão inseridas seja desfavorável. Quer isto dizer que pequenas e grandes empresas não estão expostas ao contexto socioeconómico da mesma forma.


Bibliografia:
Giovannetti, Giorgia; Ricchiuti, Giorgio; Velucchi, Margherita (2012) “Localization, internationalization and performance of firms in Italy: a multilevel approach” Applied Economics 

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Euro: Será que lhe damos a devida atenção? Descubra ainda o Tetris da Nota de 20 euros


As notas e moedas de euro entraram em circulação a 1 de janeiro de 2002, substituindo as então notas e moedas nacionais. Atualmente, as notas e moedas de euro circulam em 19 dos 28 Estados-Membros da União Europeia. Após 10 anos de circulação da primeira série de notas euro subordinado ao tema “épocas e estilos na Europa” foi decidido renovar o aspeto gráfico das notas e acomodar elementos de segurança novos e melhorados, pelo que em 2013 foi introduzida a primeira nota da segunda serie “Europa”: a nota de 5 euros. Com a introdução desta nova série, o Eurosistema "visa melhorar a integridade das notas de euro e permanecer na vanguarda face aos contrafatores".
Já se passaram 13 anos, mas é muito provável que algumas das particularidades do euro ainda passem despercebidas a muitos! Observando com atenção, cada nota tem um estilo arquitetónico, cor e dimensões diferentes, os pórticos, as janelas e as pontes não existem na realidade, mas têm significados distintos. Enquanto as janelas e os pórticos significam a abertura e cooperação da Europa, as pontes representam a ligação da Europa ao resto mundo.

Valor
Estilo arquitetónico
Cor
Dimensão (mm)
€5
Clássico
Cinzento
120x62
€10
Românico
Vermelho
127x67
€20
Gótico
Azul
133x72
€50
Renascentista
Cor de laranja
140x77
€100
Barroco e rococó
Verde
147x82
€200
Arquitetura em ferro e vidro do século XIX
Amarelo-torrado
153x82
€500
Arquitetura moderna do século XX
Púrpura
160x82

As notas de euro exibem, ainda, outras características como:
  • A assinatura de Willem F. Duisenberg, Jean-Claude Trichet ou Mario Draghi respetivamente, o primeiro, segundo e terceiro presidentes do Banco Central Europeu (BCE). Todas são igualmente válidas;
  • Um mapa da Europa;
  • Designação da moeda, “euro”, em Latim (EURO), Grego (EYPΩ) e Cirílico (EBPO);
  • As iniciais do Banco Central Europeu em nove variantes linguísticas: BCE ECB ЕЦБ EZB EKP EKT EKB BĊE EBC.
Não obstante, foram também pensadas características especificas de segurança que assentam no método “tocar, observar e inclinar”, as quais se enumeram se seguida:
  •  Marca de água - observando a nota contra a luz, torna-se visível uma imagem esbatida, que apresenta um retrato de Europa, os algarismos representativos do valor da nota e uma janela;
  •   Holograma - inclinando a nota, a banda prateada exibe o mesmo retrato da Europa que a marca de água, uma janela e os algarismos representativos do valor da nota;
  • Número esmeralda - inclinando a nota, o número esmeralda apresenta um efeito luminoso de movimento ascendente e descendente. Dependendo do ângulo de observação, o número também muda de cor, passando de verde-esmeralda a azul-escuro.
  • Impressão em relevo - tocando e deslizando os dedos pela frente da nota, sente-se, nas margens, uma série de pequenas linhas impressas em relevo. A tinta é também mais espessa no motivo principal, nas inscrições e nos algarismos de grande dimensão representativos do valor da nota.
  •  Filete de segurança - observando a nota contra a luz, o filete de segurança apresenta-se como uma linha escura, onde se pode ver, o símbolo do euro (€) e os algarismos correspondentes ao valor da nota.
O Eurosistema, que inclui o Banco Central Europeu (BCE) e os bancos centrais nacionais da área do euro, têm apostado, atualmente, na promoção da nova nota de 20 euros, embora ainda sem data prevista de introdução, como demonstra a ilustração a baixo.

Esta nova nota de 20 euros é a terceira da série “Europa” a ser introduzida e incluirá elementos de segurança melhorados, com destaque para a particular a inovadora “janela com retrato”.
Para uma melhor divulgação das características desta nova nota, o BCE lançou um jogo online, em antecipação ao lançamento da nova nota de 20 euros, que será apresentada no próximo dia 24 de Fevereiro. No jogo, consegue-se identificar alguns dos elementos de segurança da nova nota.
Pode descobrir o jogo e conhecer alguns dos elementos da nova nota antes da apresentação oficial veja http://game-20.new-euro-banknotes.eu/?slang=PT

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Criar dinheiro do nada

No passado dia 22 de janeiro o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mário Draghi, avançou com uma declaração inesperada para uns, mas já muito esperada por tantos outros. Na sequência de uma reavaliação exaustiva das perspetivas de evolução dos preços e do estímulo monetário alcançado, o BCE decidiu:
1) Lançar para o mercado um programa de compra de ativos - públicos e privados - EAPP. O programa prevê a compra de 60 mil milhões de euros por mês de divida pública pertencente aos países que participam no BCE. O EAPP terá início em março e durará até setembro de 2016. As compras de dívida serão feitas com base na proporção de capital de cada país no BCE. No entanto existem limites: (i) 33% sobre o total de obrigações de cada país e (ii) 25% de emissões de dívida. Saliente-se que no caso de se verificarem perdas, vigorará um sistema de partilha de perdas, através do qual o BCE assumirá 20% das eventuais perdas e os bancos centrais nacionais os restantes 80%.
2) Alterar o preço das seis operações de refinanciamento de longo-prazo específicas (Targeted longer-term refinancing operations - TLTROs), programa anterior ao EAPP. Desta forma, a taxa de juro aplicável às operações TLTRO futuras será igual à taxa das operações principais de refinanciamento do Eurosistema em vigor em cada momento, que atualmente se situa nos 0,5%.
3) Manter as taxas de juro diretoras inalteradas. A taxa de referência em 0,05%. A taxa de depósitos em -0,20% e a taxa da facilidade permanente de cedência marginal de liquidez em 0,30%.
Após se apresentarem os factos, há que tentar entender o porque deste programa de compra de ativos e qual o objetivo do BCE com esta medida, que se dá pelo nome de Expanded Asset Purchase Program (EAPP). O BCE pretende combater o risco de deflação, numa altura em que a inflação da zona euro se encontra em terreno negativo, -0,2% em dezembro segundo o Eurostat, e em que a média de 2014 rondou os 0,4%, bem longe dos desejáveis 2%. As causas apontadas para esta inflação prendem-se com desenvolvimentos geopolíticos, a taxa de câmbio e a evolução dos preços da energia.
De ressalvar que um dos principais objetivos do BCE é a estabilidade de preços e daí a necessidade destas medidas de forma a ancorar as expectativas de inflação a médio e longo prazo.
O nome técnico deste tipo de pograma é Quantitative Easing (QE), que segundo a definição do Banco de Inglaterra, consiste numa" política monetária não convencional em que um banco central cria novo dinheiro eletronicamente para comprar ativos". A teoria económica do QE resume-se aos seguintes passos:


Com este programa BCE espera que o efeito de juros mais baixos resulte em mais dinheiro disponível para investir, bem como na maior propensão para a criação de emprego, melhorias salariais e até reduções nos custos de endividamento dos estados. Paralelamente, o QE incentiva as exportações, na medida em que não deixa de ser uma emissão de moeda que desvaloriza o euro, o que desde logo potenciará as exportações dos países da moeda única para fora da Europa. Por fim, também os encargos com juros dos estados deverão cair.
Porém a aplicação deste tipo de programa também pode trazer efeitos adversos e contrários aos expectáveis. A realidade é que o impacto a curto prazo será reduzido, e em vez de potenciar a redução de impostos pode potenciar o oposto, podendo também não levar a aumentos salariais ou criação de emprego no imediato. Por outro lado, os bancos poderão voltar a fazer o que já fizeram anteriormente e em vez de reforçarem o crédito usarem os recursos para reforçarem os seus próprios capitais.
E assim se compreende que Mário Draghi alerte que “seria um erro se os governos achassem que a existência deste programa era um incentivo para expansão fiscal”, ou seja, para aumentar o endividamento. “O que esta política monetária pode fazer é criar bases para o crescimento. Mas para que a economia cresça é preciso investimento. Para haver investimento tem de haver confiança. Para haver confiança tem de haver reformas estruturais”.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Portugal, um país de oportunidades.

Robert Shiler, Nobel da Economia 2013 afirmou há uns dias em Londres que Portugal é um dos países Europeus que ,actualmente, oferece boas oportunidades de investimento, acrescentando ainda que é uma aposta mais segura que investir na Rússia ou em Itália. De facto, segundo dados do Banco Mundial Portugal situa-se no 25º lugar no que se refere à facilidade de fazer negócios em 2015  num ranking com cerca de 180 países. Portugal situa-se à frente de países como Holanda, França ou Espanha. Claro que apenas estamos a medir a facilidade de fazer negocios através de variáveis como a facilidade de abertura de empresas, o pagamentos de impostos, a protecção de investidores, a qualidade da informação, o acesso a crédito bancário entre outros e não se está a considerar outras variáveis como o potencial retorno que é essencial à tomada de decisão de investir. Mas a verdade é que "o que é nacional é bom" e o investimento em Portugal não é excepção. Veja o video e diga lá se não concorda!!!!!