No dia em que faz uma semana em que a Fitch manteve o rating da dívida pública portuguesa, nada mais oportuno do que perceber a razão das críticas dirigidas ao trabalho desenvolvido pelas agências de notação e mais concretamente às notações que emitem.
De facto, as agências de notação de risco enfrentam conflitos de
interesses entre emitentes e investidores no desenvolvimento das suas análises.
Enquanto a preocupação dos emitentes recai sobre a sobrestimação do risco de
crédito, os investidores estão preocupados com a subestimação do risco.
Cada agência de notação tem necessidade de manter a sua própria
reputação o mais elevada possível, já que é a reputação que sustenta as
receitas e daí a importância de avaliações precisas.
Os fatores que podem estar na origem destes conflitos de interesses são vários - comissões, notching, notações não
solicitadas, tying e relações estabelecidas com as sociedades alvo de notação –
e justificam-se na tabela seguinte.
Origem
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Significado/Justificação
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Comissões
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- Dependência económica de determinado emitente; Participação
dos analistas de risco na negociação de comissões; e eventual variação da remuneração em função das comissões
recebidas.
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Notching
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- Consiste
em reduzir ou recusar a atribuição de
notação de risco a certos valores mobiliários (títulos
de divida emitidos por empresas ou outras entidades) se a notação de outros valores
mobiliários, integrados na mesma ou noutra operação, não for realizada pela
sociedade de notação de risco em causa ou se for contratada outra sociedade
de notação de risco a posteriori para a mesma tarefa.
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Tying
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- A emissão
notações de risco não é a única missão das agências de notação, esta não exclusividade designa-se por
tying, que gera maior dependência
da empresa.
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Relações com a Entidade objeto de notação
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- Participação
direta ou indireta na sociedade alvo de notação de risco pela agência põe em
risco a imparcialidade.
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Notação
não solicitada
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- Pode
servir de pressão junto do emitente
obrigando a despender comissões para não ver a sua notação ser pior avaliada.
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A informação é sem dúvida um fator chave, no entanto a assimetria
de informação é um terreno fértil para a existência de conflitos de interesses.
Uma outra questão que merece refleção é o tempo que a agência
demora a refletir as mudanças de um determinado país no respetivo rating
emitido. Esta questão não é consensual. Apesar dos investidores consideram que
as agências deviam refletir alterações recentes, os emitentes discordarem desta
posição. Não obstante, ambos consideram importante a notação reflita as
mudanças, (mesmo que pequenas ou marginais) das condições financeiras.
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