sexta-feira, 6 de março de 2015

Diplomacia económica: fomenta a internacionalização ou representa apenas um custo?



Antes de mais convém explicar o que é a diplomacia económica. Segundo o IAPMEI, a diplomacia económica tem como missão utilizar a influência diplomática e os recursos existentes ao nível do Ministério dos Negócios Estrangeiros e do Ministério da Economia, no sentido de criar e explorar oportunidades para as empresas e para a economia nacional, nomeadamente alavancando as exportações e a internacionalização das empresas e promovendo a marca do seu país. 

De entre os exemplos de diplomacia económica podemos referir vários organismos, como:

  • As embaixadas: as quais de forma lata têm como objetivo representar um país perante outro país; 
  • Os consolados: os quais de forma geral pretendem representar os particulares de um país noutro país;
  • Os centros de informação: os quais prestam informações e consultoria sobre os diversos mercados, de que é exemplo, em Portugal, a AICEP;
  • As missões comercias ou diplomáticas: que consistem numa viagem internacional, organizada pelo governo nacional ou local, realizada por oficiais do governo e empresários, com vista à exploração de oportunidades de negócios internacionais. Normalmente, os empresários têm oportunidade de contactar com outros empresários importantes, bem como com oficiais bem posicionados dos governos de outros países.

Se por um lado é consensual que a distância entre países e as elevadas taxas de impostos dos países de destino retraem o investimento, tendo os investidores preferência por países mais ricos, mais próximos geograficamente e com maior poder de compra. Por outro lado, o efeito da diplomacia económica nas exportações não tem sido muito analisado, tornando-se importante clarificar em que medida o investimento neste tipo de medidas incita o comércio (importações e exportações) e a internacionalização das empresas. 

Num estudo realizado para a Holanda, verificou-se que a diplomacia económica influência positivamente a entrada em novos mercados, desde que sejam países de rendas médias (medida em função do PIB), tendo um impacto não significativo em países de renda alta. Isto porque é nos países com rendas menos elevadas que se verificam mais barreiras à entrada, tendo nestes casos a diplomacia económica o importante papel de aproximar as nações, quer seja através de contratos, memorandos de entendimento ou cartas de intenção.
 
Num outro estudo realizado para o Canadá, concluiu-se que as missões comerciais ou diplomáticas têm um efeito ineficaz no aumento das relações comerciais, contrariamente ao que se poderia pensar.
Em Portugal, a diplomacia económica é ainda relativamente recente, apenas em 2004 e 2006 apareceu legislação que explica claramente modelos de “ação económica externa”, pelo que o modelo de diplomacia a seguir em Portugal, elaborado em meados de 2011 é ainda pouco conhecido.


Bibliografia:
Creusen, Horold; Lejour, Arjan (2012) “Market entry and economic diplomacy” Applied Economics Letters  
Head, Keith; Ries, John (2010) “Do trade missions increase trade” Canadian Journal of Economics

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