No passado dia
20 de julho arrancou a 1.ª fase de candidaturas ao Ensino Superior para o
próximo ano letivo, ano em que as universidades e politécnicos disponibilizam
50.555 vagas, conforme gráfico infra, distribuídas por 1.048 cursos, o que
significa uma redução de 1% das vagas comparativamente a 2014, sendo a saúde,
direito e economia as áreas com maior número de vagas. Apesar
desta quebra, a redução de vagas do próximo ano letivo é menos drástica do que
a registada em anos anteriores, já que em 2014 foram menos 641 lugares, em 2013
menos 837 e em 2012 menos 1202.
Todos os anos se
repete o exercício, de alocar as vagas de acordo com as médias do ensino
secundário. O número limitado de vagas serve, não apenas para diminuir a
concorrência em certas profissões, mas para distribuir os candidatos por cursos
que de outra maneira teriam pouca ou nenhuma procura.
A falta de
procura levou ao encerramento de 16 cursos do ensino superior, entre 2008 e
2014, e o número de candidatos ao ensino superior desceu de 53.415 para 42.455,
pelo que é compreensível a contração do número de vagas disponíveis verificada. No entanto, desde o ano letivo passado, a procura deixou de
ser o único fator considerado para a determinação do número de vagas, passando
este numero a estar dependente dos índices de empregabilidade dos cursos. Consequentemente,
os cursos com níveis de desemprego superiores aos registados entre os
licenciados em geral ou mais elevados do que o índice médio de empregabilidade
dos alunos das instituições em que o curso se inserem deixam de poder aumentar
o número de vagas.
Conforme dados
divulgados pela Direção - Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) e
se pode observar na figura supra, em dezembro de 2014 8,6% das 146.577 pessoas
que se diplomaram no ensino superior público entre 2009/2010 e 2012/2013 estavam
registadas nos centros de emprego. Já no ensino superior privado a percentagem
sobe para os 12,7%, num universo de 48.342 licenciados. Como tal não é
surpreendente que seja o ensino superior privado a liderar a tabela dos cursos
com maior desemprego, cujas taxas variam entre ao 37,4% e os 68,9%.
Por seu turno,
os cursos com taxa de desemprego situados no liminar zero são os já esperados
de Medicina, mas também Teologia, da Universidade Católica, Línguas e Culturas
Orientais, da Universidade do Minho, ou Música - Variante de Jazz do Instituto
Politécnico do Porto.
Estes dados
são meramente indicativos não devendo ser tomados como um indicador perfeito, uma
vez que nem todos os desempregados estão inscritos nos centros de emprego, já
que, por um lado são poucas as oportunidades disponibilizadas pelo IEFP e por
lado as exigências impostas aos inscritos nos centro de emprego são algumas, de
que é exemplo o caráter mandatário de comparência a formações. Acresce ainda, a
existência de jovens que mesmo estando a empregados estão inseridos numa área
distinta da sua formação superior.
Independentemente
do cenário menos positivo traçado da presente análise, é importante não menosprezar
as mais-valias de se possuir uma
habilitação superior quando se pretende ingressar no mercado de trabalho e
progredir profissionalmente, uma vez
que uma das missões do ensino superior é ensinar a pensar, a resolver problemas
e proporcionar autonomia intelectual, contribuindo assim, através de
ferramentas intelectuais, para a preparação para a vida ativa.
Dados recentes
do Instituto Nacional de Estatística (INE), como mostra o gráfico abaixo,
denotam que desde 2009 as habilitações ao nível do ensino apresentam uma taxa
de desemprego inferior comparativamente a níveis de escolaridade inferiores.
A 1.ª fase de
candidaturas ao ensino superior termina esta sexta-feira (7 de agosto) e os resultados serão divulgados
a 7 de setembro, no portal da Direção - Geral do Ensino Superior (DGES). Apesar
de crescente informação sobre os cursos, muitas continuam a ser as dúvidas que
os assombram os alunos que chegam ao final do 12.º ano sem saber que curso escolher.
O portal Inforcursos possibilita conhecer
os vários estabelecimentos de ensino e a sua oferta, mostrando quais os cursos
com maior ou menor emprego, com mais desistências, médias de acesso, vagas e
até a distribuição dos alunos por género. A DGES lançou também este ano uma app que permite
consultar guias de candidaturas, calendários e prazos de publicação de
resultados e de início de novas fases, notícias relativas à candidatura ao
Ensino Superior e contactos úteis.
A transição para o ensino superior e o afunilar de um caminho
profissional futuro decorrente da escolha da área de formação, despoletam no jovem
estudante um vasto conjunto de inquietações. De seguida apresentam-se os ponderadores
mais comummente utilizados aquando da escolha do curso, contudo a ordenação
poderá ser diferente, já que cada estudante terá a sua própria ordem de
prioridades.
1) Empregabilidade e saídas
profissionais;
2) Notas do secundário;
3) Especialização dos cursos;
4) Vocação e aptidões
cognitivas para a área/curso;
5) Reputação da escola e/ou curso;
6) Localização;
7) Custos a incorrer (propinas, alojamento, transportes, etc.);
8) Cultura da academia;
9) Qualidade do corpo docente.
Não obstante, as
autoridades legítimas não parecem ter hesitações e destacam a taxa de emprego
dos diplomados como o critério crucial. Desta forma, acreditam que o melhor
curso é aquele que dá ao jovem emprego, sem que venha a ter necessidade de após
o curso depender dos pais. Embora este pareça um critério sensato, não pode ser
o único a ser considerado, já que o mercado de trabalho, não sendo estático, pode
mudar antes mesmo de se concluir o curso. Assim, a opção por um curso para o
qual não se tenha vocação aumentará a probabilidade de desmotivação e de não se
ser muito bom naquilo que faz e portanto, aumenta também a probabilidade de vir
a fazer parte dos números do desemprego. Posto isto, a vocação deverá ser, sem
dúvida, um dos principais, senão o principal, ponderador a considerar.
Embora o
ingresso no ensino superior seja a ambição de todos os que concorrem, muitos
são também os que o abandonam sem completarem o (até então) tão desejado curso.
No ano passado, cerca de 5 mil alunos abandonaram o Ensino Superior Público, no
seu 2.º ano de inscrição, acreditando-se que a principal causa deste abandono
estará ligada com a falta de condições financeiras.
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