As empresas estão expostas a várias
influências externas, onde muitas vezes o “empurrãozinho” para o sucesso ou
insucesso não depende só da empresa. São muitos os fatores externos que podem
influenciar o desempenho da empresa, aliás temos vindo a abordar vários aqui no
blog. Hoje, pretendemos lançar a discussão sobre se a Banca, muitas vezes vista
e considerada como parceira da empresa, tem influência no desempenho da empresa.
É indubitável que ambas têm o mesmo objetivo, o lucro, embora para o alcançarem
enveredem por caminhos distintos. Relativamente às atividades principais (core)
há uma distinção inequívoca entre elas, enquanto o core da Banca é a
intermediação financeira, serviço que capta depósitos e concede empréstimos, o core
de uma empresa passa pela produção e comercialização de bens e/ou serviços.
Para clarificar a influência da banca
no desempenho da empresa Delis et al. (2015) examinou 25.236 tipos de
empréstimos concedidos entre 2000 e 2010 por 296 bancos a 9.029 empresas. Apesar
do intervalo temporal considerado corresponder a um período de redução dos
empréstimos concedidos, os autores concluíram que após a concessão de empréstimos,
a banca pode mesmo influenciar o desempenho do devedor e neste caso concreto da
empresa. Esta conclusão tem implicações profundas no bem-estar, no
funcionamento do mercado de crédito e no papel de intermediário que a Banca
desempenha na economia.
Também Petersen e Rajan (1995) e Boot
e Thakor (2000) corroboram esta conclusão. Estes dois estudos sugerem que para
extrair o máximo rendimento, os bancos com poder de mercado são incentivados a
emprestar a empresas que estão atualmente com um desempenho relativamente
baixo, embora revejam nelas a existência de boas oportunidades de investimento
no futuro.
Ainda
de acordo com estes autores, os bancos com poder de mercado mais elevado têm
também uma capacidade de seleção superior, ou seja podem, por vontade própria, incorrer
em níveis superiores de risco quando comparados com outros bancos com menor
poder no mercado, e consequentemente mais predispostos a descobrir as boas
ideias de investimento que se transformarão em ótimos investimentos futuros. Adicionalmente,
será mais será mais fácil para bancos com poder de mercado financiar estes
projetos do que será para os seus concorrentes.
Por sua vez, Allen et al. (2011)
mostram que as empresas com níveis de desempenho mais baixos preferem (ou são
forçadas) a contrair empréstimos em bancos saudáveis (que
potencialmente têm mais poder de mercado). O desempenho da empresa à qual se
concede o crédito melhora, pois aumenta a sua capacidade de financiar
oportunidades de investimento promissoras; e permite, ainda, um rastreamento e
monitoração do desempenho desse investimento pelo banco credor, não permitindo que
a empresa descure os seus resultados, incentivando a melhoria do desempenho e aliciando-a
com melhores condições de crédito atual e futuros.
Besanko e Kanatas (1993) mostram que
os empréstimos bancários são "especiais" porque combinam empréstimos
com a prestação de serviços de monitoramento que aumentem o esforço
empreendedor e, assim, melhoraram a probabilidade de sucesso do projeto.
Referências
Allen, F., Carletti,
E., Marquez, R., 2011. Credit market competition and capital regulation. Review
of Financial Studies 24, 983-1018
Besanko, D.A.,
Kanatas, G., 1993. Credit market equilibrium with bank monitoring and moral
hazard. Review of Financial Studies 6, 213-232.
Boot, A.,
Thakor A., 2000. Can relationship banking survive competition? Journal of
Finance 55, 679-713.
Delis M.,
Kokas S., Ongena, S., 2015. Bank market power and firm performance. Working
Paper 02-2015. Department of Economics, University of Cyprus.
Petersen, M.,
Rajan, R., 1995. The effect of credit market competition on lending
relationships. Quarterly
Journal of Economics 110, 403-444
Sem comentários:
Enviar um comentário