Além do mais, de acordo com a teoria
do capital humano, quanto mais cedo ocorrer o investimento na educação e
consequente aquisição e desenvolvimento de competências, maior será a duração
da receção dos benefícios provenientes desse investimento. Contudo, o referido
investimento não se deverá limitar à formação escolar, sendo crucial que se
sustente aquando e durante a permanecia no mercado trabalho. Num trabalho
publicado em 1974 reconhecia-se que a necessidade de formação diminuiria com o
avanço da idade, perspetivando-se que terminasse apenas alguns anos antes da
reforma.
Não obstante, se por um lado a
importância do conhecimento nas mais variadas vertentes constitui um assunto
amplamente debatido e até consensual no que toca aos benefícios provenientes do
seu investimento, por outro lado, a depreciação do conhecimento é um tema
relativamente negligenciado.
À semelhança da depreciação
contabilística dos ativos tangíveis, a depreciação de capital humano é definida
como a diminuição do valor de mercado do trabalhador. As principais razões apontadas como
justificação desta depreciação ou da desatualização dos conhecimentos são o
desemprego e o afastamento do mercado de trabalho por determinados períodos de
tempo, pelas mais variadas razões de que são exemplo as questões pessoais e
familiares.
Não subsistem portanto dúvidas quando
à efetiva existência de depreciação de capital humano, porém os fatores que
inibem ou aceleram a depreciação são ainda muito pouco consensuais. Neste
sentido, tem sido concretizadas várias desagregações, na literatura existente,
que visam identificar o grupo de caraterísticas que mais influenciam a
depreciação de capital humano.
Um dos primeiros debates prende-se
com o nível de qualificações. Teorias mais antigas defendem que indivíduos mais
qualificados estariam mais expostos à depreciação dos seus conhecimentos do que
indivíduos menos qualificados. Os defensores desta teoria argumentavam que os
indivíduos menos qualificados exerciam funções mais rotineiras e que não
sofreriam alterações relevantes com o passar do tempo, e como tal os
conhecimentos estariam menos expostos à obsolescência. Por outro lado,
defendiam que os indivíduos mais qualificados ao exercerem funções que implicam
conhecimentos permanentemente atualizados estariam mais expostos à depreciação
do capital humano.
Teorias mais recentes defendem o
oposto ou seja, que indivíduos mais qualificados apresentam uma taxa de
depreciação inferior, dado que o nível formação superior contribui para o
aumento da flexibilidade e adaptabilidade dos indivíduos. Naturalmente, é
também mais fácil para indivíduos com níveis de formação mais elevados reentrarem
no mercado de trabalho, mesmo para funções diferentes, devido à flexibilidade
bem como é mais provável que continuem a ter formação. Em todo o caso, estudos
mais recentes têm corroborado este argumento.
Outra divergência prende-se com a
distinção entre o género masculino e feminino. Como se pode observar pela
tabela infra, não há acordo quanto ao género mais propenso à depreciação de
capital humano, sendo também o número de estudos que incidem sobre as mulheres
consideravelmente mais reduzido.
Percentagem de depreciação de
capital humano por ano
|
||
País (ano do estudo)
|
Homens
|
Mulheres
|
EUA
(1970)
|
4.6 - 13.3%
|
-
|
EUA
(1974)
|
-
|
0.2 - 4.3 %
|
EUA
(1974)
|
1.0 - 3.4%
|
-
|
EUA
(1976)
|
0.7 - 4.7%
|
-
|
EUA
(1976)
|
0.5 - 4.3%
|
-
|
Grã-Bretanha
e Holanda (1978)
|
13.6 - 21.0%
|
9.0 - 17.2%
|
Espanha
(2004)
|
1.2 - 1.5%
|
0.3 - 1.2%
|
Espanha
(2005)
|
1.2%
|
-
|
EUA
(2007)
|
11.6 - 18.1%
|
12.4 - 13.2%
|
Suíça
(2010)
|
0,7%
|
1,5%
|
Em termos teóricos predomina a ideia
que o capital humano do género feminino deprecia mais facilmente do que o do
género masculino, devido à maior ausência por parte das mulheres do mercado de
trabalho, ou seja normalmente a taxa de desemprego é maior no género feminino
do que no masculino, as ausências por questões familiares são também mais
frequentes nas mulheres e consequentemente os homens são tidos como mais
ligados à carreira. Ou seja, as mulheres têm maior propensão para interromperem
a carreira o que leva, tanto à descontinuidade da produção de novo capital
humano, como à mais rápida obsolescência do capital humano existente. Aliás
este é um dos argumentos por vezes utilizado para explicar as diferenças
salariais existentes entre géneros.
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