sexta-feira, 24 de julho de 2015

Empresas familiares: o sucesso pode passar de geração para geração


“Em Portugal, as empresas familiares empregam 60% da população ativa, representam cerca de 70% do tecido empresarial, contribuem para 50% do emprego e 66% do Produto Interno Bruto (PIB), apesar de “não existirem estatísticas precisas” sobre esta matéria, explica Peter Villax, presidente da Associação das Empresas Familiares” (Empresas e Negócios, 2014).
Estudos internacionais têm demonstrado que a maioria das empresas mundiais são familiares e que algumas delas ocupam lugares cimeiros nas listas das maiores empresas, pelo que é indubitável o peso e importância destas empresas para a economia Portuguesa e mundial. Realce-se que inversamente àquilo que muitas vezes prolifera no senso comum, as empresas familiares não se limitam a micro ou pequenas empresas. Segundo Swoboda e Olejnik (2013) muitas das grandes empresas que hoje conhecemos começaram por ser pequenas empresas familiares que foram crescendo.
Face ao exposto, não subsistem dúvidas quanto ao efetivo sucesso de muitas empresas familiares, sendo que existem vários fatores que contribuem de forma positiva para tal. De entre os vários fatores, hoje pretendemos dar a conhecer a relação entre o sucesso das empresas familiares e o acesso ao capital geracional, ou seja o capital que passa de geração em geração e que incentiva os proprietários a manter a empresa na família por tempo indeterminado, repassando-a para novas gerações de elementos da família e investindo na valorização do respetivo capital humano através da formação dos herdeiros.
Para compreender esta relação não se pode, contudo, descurar a diferença entre as práticas de gestão entre empresas familiares e empresas não familiares. Nas empresas familiares o capital é detido parcial ou na totalidade por uma família (Miller e Le Breton-Miller, 2006) e os membros ocupam os cargos de gestão (Getz e Carlsen, 2005).
Na história dos negócios e da economia, as empresas familiares assumiram-se uma fonte crucial de dinamismo e progresso da industrialização, ao permitir a minimização de assimetrias de informação e o incentivando o empreendedorismo. Claro que à medida que a indústria cresceu, as instituições sociais e económicas fortaleceram-se, tornando o papel de parentesco menos importante. Simultaneamente, as empresas começaram a tornar-se cada vez mais complexas, sendo que nem sempre conseguiram encontrar talento dentro da família compatível as exigências do mercado, tornando-se necessária a procura de profissionais com talento fora da família.
As empresas familiares apresentam, em média, níveis superiores de experiência internacional, tanto do CEO (chef executive office) como da equipa de gestão, quando comparadas com empresas não familiares, Adicionalmente, as empresas familiares apesar de terem menor dimensão e serem menos intensivas em I&D, são mais propensas à inovação do que que as empresas não familiares.
Nos países onde as empresas familiares conservam o seu papel preponderante (e.g. EUA e Japão) a economia tende a degenerar, produzindo uma má alocação do talento empreendedor, que funcionará como impedimento à inovação tecnológica e tornar-se-á uma barreira à mobilidade social.
Hassler e Mora (2000) argumentam que os filhos de empresários têm acesso a informação de gestão mais eficaz do que os descendentes dos trabalhadores.
Contudo, Carillo et al. (2015) concluíram que, em média, as empresas familiares usam práticas de gestão piores do que empresas não familiares. A existência de uma lacuna maior em sociedades que atribuem uma grande importância às relações familiares e por isso vão deixando a liderança das empresas a membros da família e a existência de uma correlação positiva entre a qualidade das práticas de gestão das empresas e o nível de desenvolvimento da economia, também fizeram parte das conclusões destes autores.
Por fim, e dado o peso significativo das empresas familiares na economia Portuguesa, releva-se que, em Portugal, existe uma associação de empresas familiares com o objetivo de melhorar a gestão, alargar o universo de conhecimentos e preparar as empresas para a mudança, oferecendo para isso: serviços especializados; eventos: congressos, seminários, conferências, cursos, workshops; e programas de intercâmbio de estágios entre empresas familiares. Mais informações sobre esta associação pode ser encontrada em http://www.empresasfamiliares.pt/.
Mas esta é uma realidade não só em Portugal como demonstra a figura supra, mas também na Europa onde esta tipologia única de empresas desempenha um papel vital para a economia responsável por:
i. 40 a 50% de todos os postos de trabalho;
ii.  Investimento responsável em oposição ao financiamento da dívida;
iii. Estratégias de longo prazo, tendo em conta os interesses dos
stakeholders, incluindo empregados, clientes, acionistas, comunidades locais;
iv. Transmissão de valores familiares com um elevado sentido de
responsabilidade social;
 v.   Preocupação especial com a envolvente local ou regional;
 vi. Desenvolver uma cultura empreendedora e fomentar a próxima geração
de empresários europeus.
Daí que se compreenda a existência duma associação de carater europeu, European Familiy Businesses (EFB) que tem a missão de pressionar para políticas que reconheçam o contributo fundamental das empresas familiares na economia europeia e criar condições de concorrência equitativas, relativamente a outros tipos de empresas. Mais informações sobre esta associação pode ser encontrada em http://www.europeanfamilybusinesses.eu/

Referências:
Carillo, R., Lombardo, V. e Zazzaro, A. (2015), “Family Firms and Entrepreneurial Human Capital in the Process of Development”, Working Paper 
N. 400, CSEF - Centre for Studies in Economics and Finance.

Getz, D., Carlsen, J. (2005), “Family business in tourism – state of art”, Annals of Tourism Research, 237–258.

Hassler, J., e Mora, J., (2000) “Intelligence, Social Mobility, and Growth,” The American Economic Review, 888–908.

Miller, D., Le Breton-Miller, I. (2006), “Family governance and firm performance: agency, stewardship, and capabilities”, Family Business Review, 73-87.

Swoboda, B., Olejnik, E. (2013), “A taxonomy of small and medium-sized international family firms”, Journal of International Entrepreneurship.



1 comentário:

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