A
internacionalização é um tema complexo, que obriga todos aqueles que se
aventuram nela a sair da sua área de conforto e enfrentar vários desafios. Já
abordamos esta questão, aqui no blog, alertando para algumas questões
suscetíveis de planeamento. Nesta exposição abordaremos um obstáculo, que
muitas vezes, aparece de surpresa! A ética! Sim, a ética!
Se está a
pensar mas afinal qual a importância da ética para os negócios internacionais,
lembre-se que irá estar em contato com culturas diferentes, com valores e
formas de pensar diferentes!
Para começar,
podemos definir ética como “padrões de comportamento determinados pela
sociedade que estipulam como os seus membros devem atuar de uma forma moral”
(Alon et al., 2012). Podemos, também
definir ética empresarial como o “estudo das situações, atividades e decisões
de negócios, onde os assuntos são vistos como certos ou errados”. Ou seja, o
ponto fulcral da ética é a distinção entre o bem e o mal, contudo esta
distinção nem sempre é fácil. Alon et al.
(2012) destacam algumas questões que ajudam a refletir sobre a importância da
ética: “De acordo com a cultura e o local onde nos encontramos, os padrões de
comportamento aceitáveis mudam? Os valores são absolutos ou podem mudar ao
longo do tempo com a geração ou a estrutura da gestão? Se variarem qual a ética
que deve prevalecer? As práticas de responsabilidade social devem pressupor a
existência de um conjunto universal de valores?” De facto o que é certo numa
determinada cultura, nem sempre é certo nas outras.
A forma de
lidar com esta temática é bastante atual e tem sido amplamente estudada. Assim,
a literatura existente sugere três filosofias éticas para lidar com este
problema:
· Relativismo Ético: usa a ética de
acordo com o país de destino, criando valores próprios
para cada sociedade;
· Absolutismo Ético: independentemente
do local recorrem sempre à mesma ética, a do país
de origem;
· Universalismo Ético: considera-se que
há um conjunto de padrões de ética universal, aceites
em qualquer parte do
mundo seja qual for a cultura;
Adicionalmente,
é cada vez maior a preocupação por parte dos clientes e as pressões tanto de
grupos, como os media, como de outras
empresas sobre a ética empresarial.
Alguns dos
problemas com que se deparam os gestores são a corrupção ou a espionagem
industrial. Falemos da primeira, o raciocínio parece fácil, se a corrupção
afeta a imagem evita-se, mas nem sempre é fácil, uma vez que a corrupção em
alguns países é quase uma “prática comum” como se pode observar na imagem
abaixo, alguns países com principal destaque para os países do continente
africano e asiático apresentam um índice de perceção de corrupção bastante
elevado.
Em alguns
países os gestores são confrontados por membros oficiais para que lhes
entreguem dinheiro de forma a puderem melhorar as suas relações nesses
territórios, ou por forma a acelerar um processo de autorização. No entanto,
caso fosse descoberto que determinada empresa praticou corrupção, não seria
afetada nesse país, mas devido à elevada velocidade a que a informação circula
nos meios de comunicação, facilmente chegaria a países onde a empresa também tenha
negócios e onde tal ato não seja visto com bons olhos, denegrindo a sua imagem
institucional. Como lidar com isto? Alguns autores defendem que se devem ter
sempre presentes 3 regras: respeitar os direitos humanos básicos, respeitar a
tradição local e por último examinar o contexto e decidir o que é correto ou
incorreto!